sexta-feira, 28 de março de 2014

Antologia de Poesia Contemporânea Entre o Sono e o Sonho




Foi com um imenso orgulho que contribuí (com uma milésima parte) para a realização deste magnífico projeto!
Como sempre, a todos, BOAS LEITURAS!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Mr. Vertigo

Mr. Vertigo Voar afinal é fácil… Walter Claireborne Rawley fê-lo aos doze anos, quando não passava dum miúdo de rua, imundo, pedinte, e completamente afagado pela reluzente noite de Saint Louis em plenos anos 20 do século passado. Walter, ou Walt o «Rapaz Prodígio», como viria a ficar conhecido por toda a América, não passa duma extraordinária criação da mente de Paul Auster, homem de sete ofícios, mas duma qualidade imensurável enquanto escritor. Neste livro retrata-nos a América dos anos vinte, época de grandes mutações sociais e políticas, mas descritas duma forma soberbamente discreta, já que a descrição é envolta numa história imaginária mas cativante que assenta na aprendizagem dum rapazinho da arte da levitação, apoiado pelo seu inseparável mestre Yehudi, com quem cria uma afeição muito semelhante à paternal. Temas que vão da espiritualidade, da crença em Deus, à Máfia de Capone, da noção do Bem/Mal às hediondas malfeitorias do Ku Klux Klan, Auster coloca a nu toda uma América obscura e manifestamente vergonhosa. A um só tempo, consegue também deixar translúcida a ideia de que todos conseguimos atingir o impensável se para isso lutarmos com o afinco necessário. Walt, muito céptico inicialmente, resistia apenas às provações pelas quais o seu Mestre o obrigava a passar, com o intuito apenas de ganhar uma aposta levada a efeito com o seu próprio professor. Qual o seu espanto quando da Terra se eleva e percebe que afinal a arte da levitação é exequível… Não houve um só momento em toda a leitura efectuada, em que o autor não me levasse a pensar na vida vista como um desafio diário, onde obstáculos vão surgindo do nada, mas que independentemente da sua dimensão têm de ser necessariamente transpostos. Nem mesmo quando tudo parece expirado, quando o fim surge diante do rápido olhar avançado, ele permite que a sua personagem desfaleça. De novo ganha ânimo, de volta lhe corre o vigor por entre as veias e novos desafios e aventuras se vislumbram na vida deste pequeno “rapaz – voador” de Saint Louis. A outra dimensão, torna-se também muito interessante fazer mentalmente o paralelo entre o crescimento de Walter e o próprio desenvolvimento de todo um país. À medida que vai crescendo e desenvolvendo as suas capacidades paranormais, também se verifica o desenvolvimento de um país a recuperar duma crise bolsista que acabaria por levar um povo à ruína. A analogia entre o fulgor do «Rapaz Prodígio» e a magnificência Americana antes do crash, e o declínio social de Walter com a queda do esplendor americano (devido à dita crise da bolsa) é particularmente interessante, assim como o é a recuperação de ambos: Walter redime-se pelo purgatório duma guerra forçada, e a América reabilita-se adoptando novas políticas muito mais coerentes e social e economicamente melhor aceites por todos. Em suma, e parafraseando o The Independent, Mr. Vertigo é, sem qualquer dúvida, “Uma grandiosa obra de Literatura pela mão de um monstro da fábula moderna Norte-Americana”. Recomendo! a 17 de junho de 2008

domingo, 23 de março de 2014

absurdidades ou teimosias políticas

Se dúvidas houvesse...

Eu não diria melhor...

Tivesse a maioria tido bom senso, abertura ao diálogo, no fundo, tivesse havido espírito democrático, não haveria a necessidade de se apelar ao regulador! No entanto, alguns limitam-se, tristemente, a insistir na exibição de uma postura de prepotência!

terça-feira, 18 de março de 2014

Numa altura Quaresmal... e de Romarias





“A ilha, toda inteira. Passo a passo há-de João andá-la de ponta a ponta, duzentos e cinquenta quilómetros em redor, cinquenta léguas compridas de cansaços e Ave-Marias. Romeiro, ele, cristão de pouco ir à Missa… E a pão e água, a promessa!...”

Daniel de Sá, Ilha Grande Fechada

Venenos de Deus Remédios do Diabo



“O jovem médico português Sidónio Rosa, perdido de amores pela mulata moçambicana Deolinda, que conheceu em Lisboa num congresso médico, deslocou-se como cooperante para Moçambique em busca da sua amada. Em Vila Cacimba, onde encontra os pais dela, espera pacientemente que ela regresse do estágio que está a frequentar algures. Mas regressará ela algum dia? Entretanto vão-se-lhe revelando, por entre a névoa que a cobre, os segredos e mistérios, as histórias não contadas de Vila Cacimba – a família dos Sozinhos, Munda e Bartolomeu, o velho marinheiro, o administrador, Suacelência e a sua Esposinha, a Misteriosa mensageira do vestido cinzento espalhando as flores do esquecimento.”
    Mia Couto - gostei!

a 06 de Fevereiro de 2010

domingo, 16 de março de 2014

.:: nature #2 ::.


As fotografias até nem estão grande coisa. De qualquer forma, é imperativo visitar esta zona da costa norte da ilha. O trilho - Moinhos da Ribeira Funda - tem uma extensão de 3 Km e é classificado com dificuldade média. Tem início perto da Ermida da Nossa Senhora da Aflição e, sendo de rota circular, terá o seu final no  mesmo espaço, 1h30m depois.

 http://trilhos.visitazores.com/pt-pt/trilhos-dos-acores/sao-miguel/moinhos-da-ribeira-funda



.:: nature ::.


sábado, 15 de março de 2014

in Açoriano Oriental

Queremos uma democracia formal, ou uma de substância? 
Queixam-se os Deputados eleitos à Assembleia Legislativa Regional de falta de democracia nos Açores. Usam-se termos como “divisionismo”, “amordaçar” ou “prepotência”. Eu acho que têm razão, e nos dias que correm este tipo de postura governativa não faz qualquer sentido. Ainda que o considere utópico, a pluralidade de opinião deveria ser sempre tida em conta e, da discussão, dever-se-ia chegar ao consenso. Não obstante, recorde-se, a exemplo, o episódio da votação do concurso de pessoal docente: o juízo dos intervenientes naquela assembleia foi consensual; votou-se em uníssono; não se ouviu uma voz divergente. A questão é que, das seis forças políticas com assento parlamentar, apenas duas intervieram naquela votação, ausentaram-se 25 dos 57 deputados! E não me venham com a questão do “aproveitamento político” por parte dos que se retiraram, porque a eles se junta a voz de toda uma classe profissional! A verdade é que algo está errado e, neste caso, como noutros, parece-me ser a postura legitimada, mas inflexível, da maioria socialista, a mesma que parte dos deputados acusa de revelar demasiada “prepotência”. Ironias à parte, muitos dir-me-ão que a democracia funciona assim mesmo: as pessoas votam, um partido vence o escrutínio e forma governo, os outros perdem e serão apenas parte da oposição. Embora assim seja, permitam-me divergir um pouco desta postura tão simplista e formal de viver em democracia. Numa definição breve mas universal, e na qual me revejo por ser recheada de conteúdo, explicar-se-ia o sistema democrático como sendo uma forma de governo em que todos os cidadãos participam, (seja diretamente ou por via de representantes eleitos), na proposta, no aperfeiçoamento e na criação de legislação que proteja todo o indivíduo inserido naquela sociedade. Em consequência, quando assim não acontece, e se mantém o poder circunscrito a uma pequena fração de indivíduos que não consegue responder às necessidades de um todo, dificilmente lhe chamaria democracia. Por conseguinte, a força política que maior número de votos alcança do ato eleitoral, tem a responsabilidade de formar um governo e, por altura das Legislativas de 2012, foi ao PS que os açorianos atribuíram essa responsabilidade, acrescida de uma maioria parlamentar. (Se bem que, quando 52% da população votante total não expressa a sua vontade e se abstém, muito me custa reconhecer qualquer maioria). Porém, uma vez empossados nos cargos, é recorrente o esquecimento por parte dos governantes de que os deputados posicionados do outro lado da bancada se encontram também legitimamente eleitos e mandatados pelos cidadãos, constituindo-se, por isso, a representação de milhares de pessoas e, como tal, devem também ser responsavelmente ouvidos e tidos em consideração no momento da tomada de decisões. Negligenciar esta voz, por vezes dissonante, será, a nível político, uma atitude pouco razoável e socialmente uma postura muito pouco cautelosa. Dito isto, pobre o governo, mesmo quando amparado por uma maioria parlamentar, que se julgue capaz de, sozinho, ditar o destino de toda uma sociedade, descurando a discussão, a pluralidade de opinião, ou o reconhecimento de mérito àqueles que agora ocupam o lugar destinado à oposição. Do humilde procedimento inverso, esses governantes sairiam, com toda a certeza, valorizados e engrandecidos, mas essa parece-me ser hoje uma postura muito pouco exequível... Recordando os resultados das últimas Legislativas Regionais, percebe-se que os 31 assentos que o Partido Socialista detém na Assembleia Legislativa Regional são a representação de 52827 eleitores, mas é conveniente não esquecer que, para além destes, votaram ainda outras 50166 pessoas nessas eleições, e que também elas estão à espera de ver os seus problemas resolvidos por um governo que se quer sempre de e para todos. 

Telmo R. Nunes 
a 13 de março de 2014

Oferta matinal

Sábado de manhã, chegado das compras no Mercado, eis o que encontro na caixa do correio... 


Obrigado, CMPDL e JF de São Pedro

segunda-feira, 10 de março de 2014

Eles comem tudo!





É consensual, unânime e imperioso perpetuar a obra dos grandes e idos vultos da Literatura portuguesa, em geral, e açoriana, em particular e, claro está, toda e qualquer forma digna de o fazer parece-me muito ajustada, afinal, também as gerações vindouras têm o direito de conhecerem e até o de se reconhecerem nas linhas escritas pelas mãos dos seus antepassados…

No entanto, e numa perceção minha, nem todas as homenagens prestadas estarão a ser abnegadas e em prol da imortalização da obra que aquelas pessoas nos legaram; revolta-me perceber o oportunismo que circunda estes nomes tão grandes da cultura portuguesa; considero vil a postura de alguns que veem naqueles uma fonte de rendimento económico ou de elevação política.



Já o cantava Zeca Afonso:

(...)
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas 

(...)
 Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada 

(...)