domingo, 24 de abril de 2022

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

Há livros marcantes pelo conhecimento que veiculam, outros pelas sensações que exortam. Há aqueles que se revelam úteis na usança quotidiana, e depois há aqueles que, de tão especiais, nos trazem à lembrança pessoas extraordinárias.



Este é um desses peculiares exemplos!

sábado, 23 de abril de 2022

“Viagens de um Artista Enquanto Jovem “

 


Foi um gosto enorme assistir ao lançamento da obra Viagens de um Artista Enquanto Jovem , da autoria de Carlos Carreiro. 

O lançamento ocorreu no Teatro Micaelense e a apresentação da obra ficou a cargo da escritora Maria Brandão.

Carlos Carreiro, Viagens de um Artista Enquanto Jovem, Artes e Letras, 2021

quinta-feira, 14 de abril de 2022

É Páscoa! Aleluia! Aleluia!


“(…) e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz.

Deus ressuscitou-O ao terceiro dia (…)”

São Lucas, Actos dos Apóstolos


 

Nove horas! Os sinos repicam no alto da torre sineira da velhinha Matriz de Paços de Ferreira.

É domingo de Páscoa!


Celebrada a missa pascal e anunciada a vitória da Vida sobre a morte, eis que surgem os primeiros sinais: os fiéis juntaram-se às centenas, dispersos pelo jardim municipal, mas todos de olhos pousados na saída do velho templo; todos, sem exceção, Lhe querem lançar um olhar respeitoso de alegria, de agradecimento ou admiração profunda.


Ouve-se a Banda Musical. Primeiro muito baixinho, depois, à medida que se aproxima, com mais clareza. Dirige-se à Matriz. Veio receber Cristo com as honras que Lhe são devidas.


Está tudo pronto!


Rompem no céu dezenas de foguetes. Os pássaros esvoaçam aturdidos e sem rumo. Dois ou três cães vadios correm sarapantados em direção ao velho carvalho centenário. Vão assustados! Ninguém sabe quem ou de onde foram lançados os foguetes, e as autoridades não se mostram muito consumidas com o facto! 


É Páscoa!


O cortejo que há de trazê-Lo às ruas abandona a Matriz. Já se vislumbram as crianças agitando ferozmente as sinetas que, a todos, hão de anunciar, ainda à distância, a aproximação da cruz. Por baixo da opa tingida de um vermelho já gasto, é vê-los todos aperaltados com roupas a estrear, mercadas de propósito para o domingo de Páscoa. Os mais avisados talvez se tenham lembrado de calçar uns sapatos usados, já feitos ao pé. Os mais incautos, coitados, hão de padecer! Mostram ainda o vigor que lhes escasseará logo mais, ao fim da tarde, pela hora de recolher, calcorreadas avenidas, ruas e vielas, praças, becos e travessas. A segui-las, dezenas de mancebos e homens já velhos: uns estreantes, outros repetentes. Também eles usam opas vermelhas. Os mais experientes assumem-se responsáveis pela transmissão do ofício aos mais novos e marcam o passo acelerado. Uns carregam o saco das ofertas. Coitados, são os “Judas”, como muitos fregueses lhes chamam. Nunca gostei da expressão e prefiro não a usar. Outros carregam uma pequena terrina de prata ou de estanho, onde vem santificada a água que há de benzer as casas da freguesia. Vêm lá também os leitores que, munidos de uma simples pagela, leem a oração em cada lar em que entram. E depois... bem... depois... anuncia-se o Juiz da Cruz.


Ei-Lo: Cristo que sai à rua e em breve entrará em nossas casas. Já falta pouco tempo.

As flores estão prontas. Este ano, a minha mãe colheu das azáleas brancas. Sabe que são as minhas preferidas. Foi o Filipinho, com a ajuda da Ritinha, que as acamou à entrada da nossa casa. Será por cima delas que Ele entrará!


O Compasso chegou!


É Páscoa, aleluia, aleluia!



terça-feira, 12 de abril de 2022

CONTUDO, ELA MOVE-SE… ELA, A MINORIA…

 


A publicação da revista “Atlântida” (edição LXVI), da responsabilidade do Instituto Açoriano de Cultura, assim como a chegada aos escaparates do número 5 da revista literária “Grotta”, surgida no âmbito do projeto “Arquipélago de Escritores”, foram motivos mais do que suficientes para trazer à lembrança a velhinha “Memória da água-viva”, dinamizada pelo “G.I.C.A. – Grupo de Intervenção Cultural Açoreano”, uma “revista açoreana de cultura” que tanta polémica espoletou no seio do mundo literário de então.

Por curiosidade, logo no editorial do número 0, datado de março de 1978, fazia-se referência a Galileu, citando-se a sua célebre tirada, “contudo, ela move-se…”, para se complementar, de imediato, “Ela, a minoria…”

Contornando-se quaisquer leituras políticas que possam chegar acopladas, há que reconhecer e lamentar que, tal como à data, também hoje aqueles que acreditam nestas coisas da Literatura, aqueles que ainda se deixam encantar pelas peças bonitas que se podem construir a partir das palavras representam uma ínfima minoria num oceano imenso de indiferença. É uma realidade e, por mais esforço que se faça, por mais que se trabalhe em sentido inverso, e há que reconhecer que muito se tem feito na ânsia de educar nessa vertente, os resultados tardam. É indesmentível o esforço que se faz no sentido de desenvolver nos jovens o gosto pela leitura, promovendo ao mesmo tempo o seu sentido estético e crítico; é inequívoco o dinamismo das nossas livrarias, assumindo não raras vezes o papel normalmente entregue aos centros de cultura; não olvidemos as editoras regionais que têm sido incansáveis no apoio e na promoção dos autores regionais, mais próximos do leitor; temos à disposição um Plano Regional de Leitura e uma Rede Regional de Bibliotecas Escolares que tanta diferença poderiam fazer nos hábitos dos nossos jovens alunos e leitores, houvesse nisso interesse político e fundos ajustados; existem diversas plataformas digitais que nos facilitam o acesso aos livros; temos diversas feiras do livro; recordemos os prémios literários que procuram homenagear aqueles que se fizeram maiores entre os pares. Lamentavelmente, ao nível das políticas educativas, e num arriscado relancear aos movimentos dos últimos anos, enveredou-se por caminhos sinuosos, arremessando-se milhões sobre o problema mas, quase quarenta e cinco anos após esse movimento minoritário, os indicadores educativos, culturais e sociais estão aí para quem os quiser analisar. O número que se queria aumentado, continua teimosamente num patamar menor, bastante aquém do que seria desejável numa região como os Açores.

Mas tenhamos fé. Continuemos a resistir e não esqueçamos de olhar e enaltecer aqueles que nos precederam; aqueles que, como então, continuam a remar contra a maré do alheamento e, em demonstração clara de vigor, continuam a semear, em nome de um bem maior, para além de seduzir outros a percorrer um trilho que se sabe árduo e de retorno curto.

“contudo, ela move-se…”, “Ela, a minoria…”

Move-se e tem desempenhado um trabalho assinalável. Dentre esses poucos, não há como deixar de referir os responsáveis e dinamizadores das revistas “Atlântida” e “Grotta” que, num esforço contínuo têm conseguido manter as respetivas publicações em patamares de considerável riqueza, manifestando-se no campo literário, de criação ou análise, no âmbito das Ciências Humanas ou outras. Nas edições deste ano, a aposta na vertente pictórica é também uma mais-valia considerável, sendo que, no caso da “Atlântida” vem toda engalanada com diversos trabalhos da autoria de Carlos Carreiro e, no caso da “Grotta”, se apresenta toda aperaltada com ilustrações de Pedro Evangelho Lopes.

 

Nuno Costa Santos (direção de), Grotta 5, Publiçor / Letras Lavadas Edições 2021/2022

Carlos Bessa (direção-geral), Atlântida LXVI, Instituto Açoriano de Cultura, 2021

terça-feira, 5 de abril de 2022

Avenida Marginal - O Comodato

Nutro um carinho especial pelo projeto 𝘼𝙫𝙚𝙣𝙞𝙙𝙖 𝙈𝙖𝙧𝙜𝙞𝙣𝙖𝙡𝙁𝙞𝙘𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨, 𝙋𝙤𝙣𝙩𝙖 𝘿𝙚𝙡𝙜𝙖𝙙𝙖, da responsabilidade da editora Artes e Letras e, por isso, é uma honra enorme participar neste terceiro volume. «O Comodato» é o título do conto com que participo nesta antologia, ao lado de textos redigidos por contistas de excelência e pessoas de quem tanto gosto!

O lançamento da obra será amanhã, dia 06 de abril, pelas 18h30, no Anfiteatro Restaurante / Escola de Hotelaria, em Ponta Delgada.

Apareçam!