sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

E eis que a extrema esquerda nos demonstra, uma vez mais, a sua falta de bom-senso!

Se já me mereciam pouco respeito pelo assalto ao poder que instigaram nas últimas eleições legislativas, e se já os censurava pelas políticas e iniciativas legislativas completamente irresponsáveis, agora perdem qualquer credibilidade ou, sequer, réstia de atenção.
Do meu ponto de vista, esta segunda geração de bloquistas não é mais do que um grupo de ganapos que se julga capaz de tudo, e para quem todos os meios são válidos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Escolas chumbam novo modelo de avaliação dos alunos

Já não é apenas do Conselho Nacional de Educação (CNE) a dizê-lo, agora também o Conselho de Escolas (CE), vem alertar para os perigos da supressão das Provas Finais de Ciclo. Inevitavelmente, vejo um Ministério cada vez mais isolado, cada vez mais distante dos vários parceiros de educação. Não se augura, por isso, nada de benéfico para os nossos alunos!

"Conselho das Escolas quer a continuação do exame do 6º ano e provas de aferição só nos 4º e 8º anos.
Crítico e, afinal, com uma perspetiva contrária à defendida pelo ministro Tiago Brandão Rodrigues em relação ao fim dos exames. É este o tom do parecer do Conselho das Escolas (CE) em relação ao novo modelo de avaliação do ensino básico. O órgão consultivo do Ministério da Educação (ME) defende a manutenção dos exames do 6.º ano e provas de aferição só nos 4.º e 8.º anos. No parecer, feito a pedido da própria tutela e aprovado ontem, o órgão que representa as escolas mostra-se contra a aplicação das alterações já neste ano.
O documento que vai ser enviado ao ME, e a que o DN teve acesso, mostra que, ao contrário das afirmações públicas do ministro Tiago Brandão Rodrigues de que os diretores eram favoráveis a esta mudança na avaliação do básico e que percebiam a sua aplicação já neste ano letivo (ver fotolegenda), há reservas em relação a esta nova política de avaliação. No parecer, os conselheiros escrevem que "carecem de clarificação e explicitação os desígnios e as vantagens para os alunos, para o sistema educativo e para a Educação em geral, decorrentes do projeto de alterações em apreciação".
A análise à proposta que acabou com os exames dos 4.º e 6.º anos e criou as provas de aferição dos 2.º, 5.º e 8.º anos aponta ainda o dedo às constantes mudanças na Educação. "A estabilidade acrescenta valor ao sistema educativo, credibiliza-o e gera confiança nos profissionais da educação, nos alunos, nas famílias e na população em geral." Os diretores acrescentam que para essa "estabilidade, credibilidade e melhoria da qualidade do sistema educativo" é "desejável" que se mantenham as provas finais de ciclo nos 6.º e 9.º anos. Ao mesmo tempo mantendo as provas de aferição, mas desta feita apenas "em dois momentos ao longo do ensino básico: nos 4.º e 8.º anos".
Exames garantem exigência
O CE justifica esta posição com o parecer do Conselho Nacional de Educação que defendia a manutenção dos exames, lembrando que "as provas finais - porque contam para a avaliação final dos alunos - introduzem maior exigência no sistema educativo, mobilizam e corresponsabilizam todos os agentes escolares.
Por outro lado, as provas de aferição" têm outros objetivos como o acompanhamento do desenvolvimento curricular nas várias áreas disciplinares, informação detalhada sobre o desempenho dos alunos e a promoção de uma intervenção atempada para recuperar os alunos.
Para os responsáveis das escolas, a implementação das provas de aferição "não é incompatível com a manutenção das provas finais do 2.º ciclo do ensino básico, antes pelo contrário, complementam-se".
O CE defende, por isso, o papel complementar das várias modalidades de avaliação. Daí que os diretores revelem ao ministério "alguma preocupação" com "o facto de os alunos passarem por dois ciclos de estudos sem qualquer avaliação externa que certifique se desenvolveram ou não as aprendizagens definidas para cada um deles".
Aplicar? Nunca neste ano
Se mostram reservas com estas mudanças, os diretores são mais claros em relação aos tempos para uma aplicação das provas de aferição. "Quaisquer alterações a introduzir" no âmbito da "avaliação dos alunos não devem aplicar-se, nunca, no decorrer do presente ano letivo".
A decisão de o governo aplicar já neste ano as provas de aferição e acabar com os exames tem sido a crítica mais frequente. O ministro justificou esta decisão com a necessidade de pôr fim a um modelo que "era prejudicial" para os alunos. Mas as escolas têm reiterado que estas mudanças mexem com a vida dos alunos e começaram o ano a achar que não iam ter provas e a meio descobrem que sim. Além disso, as provas devem ser feitas no início de junho e ainda não são conhecidas as suas matrizes, atrasando o trabalho de preparação dos professores.
Os diretores votaram ontem este parecer sobre o novo modelo de avaliação que o ME apresentou a 8 de janeiro. Agora vão entregar as suas conclusões à tutela, sendo certo que esta não é vinculativa. Questionado pelo DN, o presidente do CE, José Eduardo Lemos, remeteu para hoje qualquer comentário. Já o Ministério da Educação garante apenas que o documento do Conselho das Escolas vai merecer mesma atenção que têm merecido os pareceres de outras entidades parceiras."

dn.pt

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

outra vez o "Plantador de Palavras Vendedor de Lérias"

Hoje reencontrei "O Anãozinho de São Jorge", conto da autoria de Vasco Pereira da Costa. Estive com o homem mais alto da Terceira (...) [e o] ser mais reduzido da Ilha dos Queijos, e devo dizer-vos que passei um bom bocado!
 
Não resisti, começa assim: 


 Vasco Pereira da Costa,  
Plantador de Palavras Vendedor de Lérias,
Câmara Municipal de Coimbra,
1984

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Um dia isto tinha que acontecer

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
- Por: Mia Couto
março || 2014