segunda-feira, 30 de setembro de 2013

politicando

Ontem foi dia de elei















...e nada mais quero acrescentar!

essencial




- O que significa “essencial”?
- “Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante. Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...”
- Então, essencial é a minha rosa?
- A tua rosa cativada. Ama-a, trata-a, rega-a, mas lembra-te: ela deverá ser única no mundo; cativa-a a cada dia! Dessa forma sentirão o que, na realidade, é essencial.

As crianças que me perdoem por, deliberadamente, ousar adulterar
um dos mais belos capítulos desse magnífico texto.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

tempo



O regresso do tempo…
O mesmo que desgasta, corrói, envelhece e mata, possui também um inegável encanto: invariavelmente demonstra a verdadeira essência do indivíduo – valoriza-o ou coloca a nu as suas naturais perfídias que antes, olhos encantados não queriam ver…
… o tempo…

Plantador de Palavras Vendedor de Lérias



Este plantador de palavras e ao mesmo tempo vendedor de cantatas é o auto-denominado “melhor escritor vivo da Rua Direita da cidade de Angra do Heroísmo”, mas que na realidade, vive na cidade de Coimbra há mais de 30 anos!
O título deste escrito é o mesmo de uma das suas obras, ganhadora, aliás, do 1º Prémio Miguel Torga, em 1984.
Trata-se de uma composição escrita fabulosa, dotada de um realismo satírico e de uma comicidade muito pouco frequentes em autores portugueses contemporâneos.
Nostálgico q.b., Vasco Pereira da Costa relembra e retrata a sua cidade berço de uma forma peculiar, cómica, satírica e por tantas vezes mordaz – […isto não é a Itália. É a mui nobre leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo]. Irónico como só ele próprio o sabe, pinta um retrato muito pouco ficcionista, permitam-me a opinião, duma gente do seu passado, de uma sociedade ida, mas por demais marcada na sua adolescência.
Neste livro o autor não se sente impedido de comunicar directamente com os seus leitores, dando-lhes explicações adicionais para que a mensagem seja passada na sua íntegra. Ele fala connosco para que melhor percebamos a sociedade angrense de outros tempos, desloca-nos o pensamento a anos idos e situa-nos ‘num meio urbano tão rural’ como qualquer outro hoje em dia. Conduz-nos por uma cidade onde um governador civil e três governadores militares; cinquenta e sete prostitutas; dezanove bombeiros voluntários que voluntariamente vão de borla ao cinema; vinte e cinco meninas que namoram à janela, e estatísticas de ontem, catorze desfloradas de saguões; (…) três parvos oficiais (…) quarenta e sete bêbados e oito senhores que andam às vezes alegrinhos (…) sessenta e nove caloteiros identificados com o indicador da mão direita (…) coexistem de forma mais ou menos letárgica com figuras como Dona Carlota, a Irmã do Senhor Almirante.
Possuidor de uma capacidade de escrita ao alcance de muito poucos, nomeadamente no campo da lexicologia e da significação, ler Vasco Pereira da Costa revela-se um exercício moroso, por vezes extenuante, mas sempre efusivo, já que sabemos de antemão que na “próxima linha” um sorriso maior em nós se desenhará.
 Assim é este senhor, assim é este autor, um verdadeiro ficcionista das nossas realidades.
É imperdoável que não se lembrem do encontro de Nixon com Pompidou na ilha Terceira – tão importante como o passo da humanidade do Amstrong ou como os 5-3 à Coreia no Mundial de 66. Decerto que não vos caiu da memória como uma noz podre…
Não o ler é crime!

Fotografia: @ google

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Heróis à moda dos Açores, mas pouco...



Embora já familiarizado com a coleção Heróis à Moda de…, devo confessar que apenas recentemente li o volume que visa ‘representar’ o arquipélago dos Açores.
Atendo-me à coleção, expresso total agrado para com os objetivos preconizados pelo seu coordenador geral, João Carlos Brito, no jornal Açoriano Oriental [on-line] de alavras e expressões típicas dos falantes dos Açores”, assim como “abordar os regionalismos, as chamadas linguagens marginais, calão, gírias de um determinado grupo de falantes”. Especulo que um dos traços deste projeto passasse, ainda, pelo emprego de tais vocábulos e/ou expressões tipicamente açorianos em contos que versassem feitos de heróis das ilhas.
Para qualquer amante (não purista) da língua, estes volumes geográficos serão um verdadeiro gáudio literário. Para além disso, esta vertente da língua portuguesa, do léxico, em particular, está efetivamente em agoniante necessidade de preservação logo, todo o apoio que se lhe possa prestar será, com toda a certeza, bem-vindo.
No entanto, a literatura (especialmente a apoiada pelas entidades públicas) não pode ser apenas entretenimento e, finda a leitura de “Heróis à moda dos Açores”, fiquei com a triste sensação de que para parte dos intervenientes nesta edição açórica, não passou disso mesmo, tal é a dicotomia que vislumbro em termos de qualidade textual.
Deceção foi o sentimento geral experimentado! Malogradas expetativas, momentaneamente alimentadas aqui e além por quem optou por impor um pouco mais de alma neste, que tinha muito para ser um grande projeto. Julgo que os Açores mereciam mais e melhor, e açorianos com a capacidade para o fazerem, também os há! Ou então, menos e melhor: subtraísse-se à coletânea ‘metade’ dos textos editados e conseguiríamos ir além do primário, do rudimentar, do mau!
Alguns dos escritos - os bons - são verdadeiros contos. Composições que cumprem com o desígnio de qualquer texto imerso em literariedade. Estes levaram-me além do lugar e do tempo em que foram descritos. Compaginando cada ação narrada, vi-me absorto pelo meio ambiente que eu próprio ia idealizando, recreei cada ação levada a cabo pelas personagens que eu próprio fui construindo, tal a qualidade emprestada às descrições, acrescido de momentos hilariantes, mormente criados pelo léxico empregue. Nestes, para além de entrever os objetivos originais da coleção, reconheço-lhes qualidade mais do que suficiente para que cumpram o propósito inicial da compra, para que os possa lecionar aos meus alunos, sem qualquer receio de os prejudicar nas suas aprendizagens ou no desenvolvimento de competências, já que reconhecerão, com toda a certeza, parte do seu património oral, tradicional.

Quanto aos outros, por certo não serei eu a dá-los a conhecer aos aprendentes que tenho ou terei pela frente. Não valem a pena, nem cabem nesta coletânea. Não percebo como aqui chegaram mas não passam de meras frases pautadas com algumas palavras foneticamente semelhantes “aos dizeres açorianos”. Funde-se o bom e o muito mau, no que me parece uma paupérrima tentativa de se elevar alguns dos que moram atrás do texto.
Lamentável!

foto @google