quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

projecto white



“Um livro singular, um enigma, um romance assombroso e assombrado.
A imensidão gelada da Antárctida é palco de uma improvável história de amor. Edmée e Peter estão entre os engenheiros de uma estação científica – o Projecto White –, na qual permanecerão por seis meses. Seis longos meses durante os quais a escassa comunicação com o mundo exterior é da inteira responsabilidade de Edmée, a única mulher entre os especialistas da base.
Tanto Peter como Edmée fugiram de acontecimentos trágicos mas, ao tentarem escapar ao passado, vêem-se sob o escrutínio dos espíritos que vagueiam pelo Pólo Sul.” – Assim é escrita a sinopse a esta obra de Marie Darrieussecq.
Dizer-se que se trata de um livro singular parece-me um pouco exagerado, será mais um romance curioso, dotado de um bafejo de imaginação acima da média.
A acção decorre em três momentos distintos, aliás muito bem definidos pelos três capítulos em que se divide a obra: a viagem dos protagonistas até ao Pólo Sul e todas as peripécias que lhes vão acontecendo, a descrição da chegada e das suas funções no acampamento quase em ruínas e, por último, o relacionamento amoroso que emerge da convivência entre Edmée e Peter.
O livro ganha especial relevo pelo espaço onde é apresentada a acção – Pólo Sul - é, nesse aspecto, uma obra dotada de algum interesse tal é a beleza relatada pela autora. Contudo, o que o mantém apetecível, também o torna enfadonho, e isto porque para apresentar tão belas paisagens, viu-se a autora obrigada ao recurso excessivo da descrição. Julgo que caiu mesmo no exagero já que a determinadas alturas apetece mesmo abandonar a leitura…
Há neste livro um outro aspecto muito peculiar que o reveste inclusivamente de algum humor e prende-se com a figura do narrador de serviço. Aqui quem desempenha tal função são os fantasmas dos protagonistas, o que coloca uma vez mais a capacidade de imaginação de Marie Darrieussecq em máxima evidência.
Em suma, é uma obra dotada de muita criatividade, (aliás pelo que li é apanágio da autora) que, pela escrita quase poética, consegue recriar na imaginação do leitor aqueles espaços tão profundamente marcados, como são os do extremo Sul do Planisfério, mas de certo modo é um texto curto em acção, sendo excessivamente composto por descrições nem sempre apetecíveis.
Apesar de tudo, recomendo…


22/Dezembro/08