segunda-feira, 3 de abril de 2017

O Leitor

.::Imagem retirada a partir do Google::.
“Banham-se, depois ele lê, ela escuta, e finalmente fazem amor” – eis o ritual de Michael Berg e Hanna Schimitz, um atípico casal alemão do final da década de 60. Ele, um rapaz de tenra idade, adolescente apaixonado por uma mulher madura e sexualmente bem mais experiente. Ela, mais velha, autoritária mas possuidora de uma beleza física invejável. Eis o mote à obra de Bernhard Schlink, recentemente adaptado ao cinema.
É uma história de amor condenada à partida. Brota de uma natural casualidade e prolonga-se no tempo obedecendo cabalmente a um conjunto de rituais em relação aos quais se luta para que não se alterem. Tem o seu término com o abrupto desaparecimento de Hanna. Só anos mais tarde e numa localização espácio-temporal muito pouco provável se voltam a encontrar, reacendendo uma chama há muito aligeirada, mas nunca extinta…
É um livro essencialmente marcado pela sua história. De facto, o desenrolar do enredo cria no leitor uma vontade imensa de continuar, faz emergir imagens e conduz a imaginação a hipotéticos acontecimentos. É um relato cativante.
Outra vertente que me agradou foi, sem dúvida, o relato de um período histórico/político fascinante. A ocupação Nazi, a II Grande Guerra, os dolorosos campos de concentração. Tudo ingredientes a uma reflexão intimista e cruel sobre a legitimidade de uma geração, ou até mesmo de um povo.
É realmente uma história extraordinária!
Contudo, não partilho da opinião da crítica em geral que o classifica numa frase: “brilhantemente pensado e escrito” - Parece-me demasiado... É certo que se trata de relato pessoal e por demais marcado pela proximidade do autor ao narrado, mas julgo que se impunha um pouco mais de aprumo lexical e um estilo mais “elegante”… Tivessem esses cuidados, entre outros, e fariam deste um livro de referência na Literatura Alemã.

Telmo R. Nunes
30/Outubro/2009

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