terça-feira, 9 de setembro de 2014

Os dias de hoje são deveras constrangedores: serei assim tão mau professor?




(porque há painéis formativos de reduzido interesse, há que ocupar a mente com os que valeram a pena, ou não…)

I - Tantas têm sido as vezes que me tem assolado a ideia da ubiquidade, para que pudesse ter a oportunidade de comprovar in loco os resultados de algumas estratégias educativas apregoados por alguns colegas de profissão.
Apetece-me mesmo questionar esta gente sobre o que fazem tamanhos talentos integrados em programas alternativos, ou quem terá sido o incompetente que avaliou aqueles ‘piquenos’ génios. Não o faço porque imagino que terá sido a mesma pessoa que adulterou/alindou o produto final do trabalho desenvolvido pelos alunos, e isto em função de uma bela fotografia que tão bem ilustra aqueles “magníficos” powerpoints, agora apresentados.
Não me parece nada razoável tamanha intervenção do professor no trabalho dos alunos: há que orientar, corrigir, até sugerir, mas calma… o trabalho terá de ser desenvolvido por eles e, inevitavelmente, terá de ser avaliado pelo docente – seja todo o processo, seja o produto final. Como conseguirão estes colegas avaliar o trabalho que eles próprios desenvolvem? 

II - Por outro lado, a Escola Inclusiva e a imperiosa demanda pela equidade.
No que a este aspeto concerne, devo confessar que concordo com os pressupostos que me foram apresentados pela enésima vez: a qualidade da Educação (e não digo aprendizagem) terá de assentar em noções como a igualdade, a garantia de direitos, participação, a socialização, entre outros. Não devemos sobrevalorizar nem desenvolver a nossa prática docente em função do que efetivamente não conduz aos resultados esperados (e não me refiro apenas a classificações mensuráveis quantitativamente). Recordo e reproduzo uma frase recente : “valorizamos o que medimos, ou medimos o que valorizamos?”


Se nos restringirmos apenas a uma visão teorizada, tudo quanto se expressa acerca da equidade e da inclusão na escola poderá ser muito válido e de reconhecida mais-valia. No entanto, e afastando desde já qualquer noção de censura ou crítica, constato que académicos que tão bem defendem esta linha de pensamento andam, há muito, longe da realidade das nossas escolas, ou ressalvo, longe da realidade das escolas que eu conheço. Apontam medidas conducentes ao sucesso, elencam estratégias e conteúdos a priorizar, sugerem disposições profícuas, mas talvez andem arredados do essencial: a VONTADE do aluno!
Falam em diferenciação - muito bem, é feita!
 Em diagnósticos - muito bem, são feitos!
Em organização de trabalho individual - muito bem, é feito!
Em planeamento consoante ritmos diferenciados - muito bem, é feito!
Em motivação - muito MAL, mas é feito!
Os docentes – pelo menos todos os que me rodeiam (excetuando, talvez, os referidos no primeiro parágrafo) – são os maiores ‘construtores’ de motivação que conheço ou ouvi falar. Nós fazemos o pino, se necessário, para que os nossos alunos se sintam imbuídos e/ou absorvidos por um ambiente favorável ao processo de ensino e, ainda assim, há sempre uns quantos que categoricamente não querem aprender. É disso mesmo que se trata: NÃO QUEREM APRENDER! Fazem firme questão de ser menos inteligentes e, se possível, procuram fazer-se acompanhar por toda a turma…
Quantas foram já as ocasiões do Não quero saber nada disso; Não faço e não és tu que me obrigas; Para que servem essas merd@s?; entre tantas outras…
Educação e equidade são então noções que deveriam mesmo deixar o domínio da utopia, mas não sendo eu como os colegas de quem vos dei conta no início do texto, parece-me que proximidade entre elas reside apenas e somente nos dicionários de língua Portuguesa.
De resto, tentemos ser todos os dias um pouco melhores, e, a todos, um bom ano letivo!

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