Uma viagem aos
últimos anos de vida de Brel, à sua passagem pela Horta, à fuga aos holofotes e
a tudo o que de mais pernicioso a fama pode transportar: eis o primeiro
ancoradouro e talvez o mais evidente dos vários que compõem este livro.
Todavia, a riqueza literária não se esgota e vai robustecendo, à medida que se
desenham outras escalas, sobretudo aquela que decorre num mapa interior, a
viagem ao íntimo, até ao quadrante mais pessoal e mais oculto do narrador e
para o qual nenhum azimute o poderá carrear. Neste âmbito e num registo emocionado,
somos levados a recordar que escolher é deixar de fora, e que optar, para além
de um risco, implica sempre uma perda.
Este é um
livro de exceção, que merece ser amplamente lido pelas mais variadas geografias,
mas particularmente nos Açores e pelos açorianos, já que é narrado um bom naco da sua história que, possivelmente, será desconhecido da maior parte das pessoas. Ademais,
representa uma viagem emocionante que resulta de uma forma de estar e de “viver
perigosamente”. É preciso ir ler, “é preciso ir ver”.
Nuno Costa Santos, «Como Um Marinheiro Eu Partirei - Uma Viagem Com Jacques
Brel», Penguin, 2023
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