Por estes dias, considerando ainda a comemoração do “Mês do Livro”, dinamizou-se um conjunto de atividades na minha escola, tendo como base o conto açoriano «O Barco e o Sonho», escrito por Manuel Ferreira, no ano de 1970. Os mais velhos recordar-se-ão, com certeza, do sucesso alcançado pela sua primeira edição ou da sua posterior adaptação para televisão, mas, quando questionados, os mais novos pouco ou mesmo nada sabem sobre esta aventura, o que é lamentável, já que ali se encontram muito bem ilustrados a vontade, a força, o arrojo, a tenacidade, no fundo alguns dos traços e valores mais intrínsecos ao Ser português, e ao Ser ilhéu açoriano, em particular, sempre afoito, sempre em busca do garante de uma vida melhor, mais digna, assim a necessidade o dite.
Não sendo original na demanda, parece-me que o estudo deste conto deveria ser encarado, pelo menos, como fundamental no percurso académico dos alunos da região (em Português ou História, Geografia e Cultura dos Açores, por exemplo), por isso, foi com imensa satisfação que tomei conhecimento da existência de uma recente adaptação para crianças e jovens, da responsabilidade da professora mariense Sandra de Sousa Bairos, e muito bem ilustrada por Beatriz Arruda, talentosa "designer" micaelense.
Não havendo aqui lugar a exageros, falo de uma admirável edição: fresca, atrativa, fiel à façanha vivida pelos destemidos Vítor e Evaristo e, acima de tudo, perfeitamente acessível ao público mais jovem, seriamente arredado destas andanças literárias.
Esta adaptação chega-nos integrada num projeto mais amplo, "Palavras da Minha Terra", que, harmoniosamente, procura despertar o interesse dos mais novos pelos textos e pelos autores açorianos de qualidade reconhecida. Muitos parabéns aos dinamizadores deste projeto! Oxalá encontrem sempre os apoios de que necessitam e muito obrigado por levá-lo até à Maia e aos nossos alunos.
Manuel Ferreira, «O Barco e o Sonho», adaptado por Sandra Sousa Bairos, Nova Gráfica, 2019
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