O Filipinho dorme. Retempera energias do frenesim matinal.
Oiço-lhe a respiração através do comunicador instalado no seu quarto e aquieto-me.
Deixo cair, então, o olhar sobre o relvado recém cortado e percebo uma bola
esquecida entre o baloiço, cada vez mais pequeno, e um jovem carvalho-alvarinho
que tarda a florescer. Aquele golo marcado de pé direito assinalou o fim da
brincadeira e, ao chamamento da Susana, preparamo-nos para o almoço.
Ao regressar, pela primeira vez e sem que nada o fizesse prever, disse-me que eu era o seu herói.... O seu herói, eu? Enchi-me de orgulho e senti uma incontrolável vaidade. Sem saber bem como lhe responder, abracei-o e lancei-lhe uma generosa porção de beijos. Claro que nos atrasamos para o almoço, mas é domingo e o Filipe disse-me que eu era o seu herói e aos heróis tudo se perdoa!
A minha Primavera não começa hoje; dura há quase três anos!
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