Porque muito tenho ouvido de Manuel Alegre
Eu
ofereço-lhe o Timbuktu, a existência
heróica de Mr. Bones. Ela adora-o. Chora, até! – segundo me confidencia mais
tarde. Compreendo cada uma das suas lágrimas. Sinto-as como minhas, embora não
tenham brotado de mim. É uma narrativa fantástica!
Mas
curioso, intrigante mesmo, viria a ser o que acontece dias depois de ela ter
viajado com Bones até Timbuktu.
-
“Lembrou-me o Cão Como Nós” do Manuel Alegre, é muito similar – refere num tom
tão dela…
Comprei-o…
Li-o… Adorei-o!
É
a retrato da vida de Kurica, um épagneul-breton que, por três gerações, acompanhou
a família de Manuel Alegre.
Mas este,
tal como Bones, não era um cão como os outros. "Este cão é um sacana,
caça um bocado e depois põe-se a fazer a parte...”. Kurica era “rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o
nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão
como nós” – escreve o poeta.
Tinha a mania das grandezas. Era emproado, fino, fidalgo, exibicionista
e altivo. Um cão que falava. Sim, porque a fala surge antes das palavras, e
Kurica, embora não as usasse, falava com os seus.
É uma homenagem a um membro da
família, um elemento que parte. É a descrição de um ente que foi amado,
acarinhado pelos mais pequenos, pelos filhos, e visto com maior distanciamento,
até com alguma frieza, arrisco, ‘paternalmente’ (embora houvesse ali amor tão
bem dissimulado). Expressos ficam também sentimentos de harmonia, lealdade,
dor, respeito e mais do que tudo o resto… saudade.
É um livro fantástico e a mim,
particularmente,
muito me lembrou o verão passado… Por mim, Kurica poder-se-ia muito bem chamar XL,
aquele a quem também meu pai apelidava de fino e fidalgo. – E era, de facto!
junho de 2010
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