sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

na ausência do GPS...

«(…) decide comprar um mapa e, se lhe tivessem feito a pergunta se ia viajar, responderia afirmativamente. Precisava de encontrar novamente o caminho que atrás deixara perdido. Sentia a falta daquela seguridade típica de quem percorre o trilho com a certeza de encontrar aquilo que deseja e, por isso, resolveu comprá-lo.
Seria um mapa pequeno, nada de muito complicado. Não teria ruas, nem estradas, nem locais, nem nomes, nem nada. Aliás, no seu mapa não haveria nada escrito ou impresso. Seria apenas uma folha em branco onde, a custo, iria então desenhar a estrada pela qual pretendia caminhar.
No local de venda, por certo, haveria vários. Alguns até bem mais bonitos! Uns maiores, outros mais coloridos, alguns novos, outros gastos pelo tempo. Mas por esses já ela se tinha guiado e o resultado nunca fora muito auspicioso. Ao fim de pouco mais de três passadas, invariavelmente, verificava que estava completamente perdida, o que a obrigava sempre a um recuo indesejado.
Agora, com o seu novo mapa, a jornada seria um pouco diferente. Tomaria a direcção certa e, aos poucos, alcançaria o tão desejado descanso.»


Telmo Nunes, Inês A Dualidade de uma Vida, Págs. 60 – 61 Chiado Editora, 2012

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