«(…) decide comprar um
mapa e, se lhe tivessem feito a pergunta se ia viajar, responderia
afirmativamente. Precisava de encontrar novamente o caminho que atrás deixara
perdido. Sentia a falta daquela seguridade típica de quem percorre o trilho com
a certeza de encontrar aquilo que deseja e, por isso, resolveu comprá-lo.
Seria um mapa pequeno,
nada de muito complicado. Não teria ruas, nem estradas, nem locais, nem nomes,
nem nada. Aliás, no seu mapa não haveria nada escrito ou impresso. Seria apenas
uma folha em branco onde, a custo, iria então desenhar a estrada pela qual
pretendia caminhar.
No local de venda, por
certo, haveria vários. Alguns até bem mais bonitos! Uns maiores, outros mais
coloridos, alguns novos, outros gastos pelo tempo. Mas por esses já ela se tinha
guiado e o resultado nunca fora muito auspicioso. Ao fim de pouco mais de três
passadas, invariavelmente, verificava que estava completamente perdida, o que a
obrigava sempre a um recuo indesejado.
Agora, com o seu novo
mapa, a jornada seria um pouco diferente. Tomaria a direcção certa e, aos
poucos, alcançaria o tão desejado descanso.»
Telmo Nunes, Inês – A Dualidade de uma
Vida, Págs. 60 – 61 Chiado Editora, 2012
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